Dá nojo essa hipocrisia em torno do Dia Mundial do Meio Ambiente. Trabalhinhos escolares, discursinho de político aproveitador, oba-oba de empresário interessado em faturar em cima da imagem de “empresa politicamente correta” e “socialmente responsável”. Estamos no dia 8 – três dias depois do Dia Mundial do Meio Ambiente. Ninguém fala mais no assunto.
Uma das piores enchentes dos últimos anos aconteceu em 1998, nas margens rio Yangtze, na China. Mais de 3 mil pessoas morreram e 230 mil perderam suas casas. O desmatamento foi o principal vilão dessa história: nos últimos 30 anos, 85% das florestas da bacia do rio Yangtze foram destruídas por madeireiros e hoje são usadas para a agricultura.
Estive na China no ano passado. Voltei convencido de que o mundo não vai longe. Pelo menos, não irá se não conseguirmos evitar que o resto do planeta siga o exemplo dos chineses. Envenenaram o ar, destruíram os rios, emporcalharam as águas. Em Guangzhou, as torneiras do hotel trazem a mensagem: “Undrinkable water”. Isso mesmo, água imprópria para consumo. Será própria para lavar o rosto ou escovar os dentes?
Recentemente, a Venezuela também sofreu com as enchentes. Em dezembro de 1999, as chuvas mais fortes registradas desde 1951 deixaram centenas de mortos, mais de 7 mil desaparecidos e 150 mil desabrigados. Desde então, isso se reproduz pelo resto do mundo, inclusive aqui no Brasil.
Discutir essas coisas não é mais entrar no modismo verde ou bancar o "ecochato". Estamos diante da encruzilhada da sobrevivência da vida na Terra. O que fazer? Para começo de conversa, transformar todo dia no Dia Mundial do Meio Ambiente. A disciplina de educação ambiental precisa entrar de uma vez por todas no currículo escolar – quem sabe as futuras gerações sejam mais responsáveis do que a nossa. É preciso que a sociedade pressione seus deputados e senadores, só votando em quem tem propostas bem claras no que diz respeito ao meio ambiente. E fazer valer a legislação ambiental, denunciando fiscais corruptos e servidores públicos mancomunados com empresas poluidoras, com grupos de desmatamento etc.
É difícil fazer isso? E, por acaso, é mais fácil ver o fim do planeta?
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Golpes baixos terão resposta à altura.