Agindo no limite

COLOCARAM UM gozador para trabalhar num desses serviços de apoio à vida. O objetivo: fazer com que pessoas dispostas a cometer suicídio prossigam no propósito de pôr fim à vida. Logo no primeiro dia, liga uma senhora:
- É do Centro de Valorização da Vida, o CVV?
- Isso mesmo, tia. Eu achei que a sigla significava Cê Vai Vivê...
- Olha, eu estou ligando porque decidi que a minha vida não vale mais nada. Não tenho mais motivo para continuar nessa luta inútil e sem sentido. Vou tomar 20 bolinhas de naftalina com café e deitar dentro do guarda-roupa até morrer...
- Quantos anos a senhora tem?
- 82.
- Gente, que bobagem! A senhora tem uma vida toda pela frente! Muitas pessoas, com a sua idade, ainda estão pensando em aprender skate, andar de ultra-leve ou escalar montanhas! Mas confesso que gostei das 20 bolinhas de naftalina. Pelo menos vai tirar parte do mau cheiro das roupas se demorar para alguém localizar o corpo...

DE OUTRA FEITA, o gozador recebeu ligação de um sujeito que acabara de ser traído pela mulher.
- Aqui é o Cornélio. Aí é do CVV?
- Isso aí, tio! Clube dos Valorosos Viados às suas ordens.
- Desculpe, acho que liguei errado...
- Não, o senhor ligou certo. Eu é que estou tentando descontrair um pouco.
- Que jeito? Peguei minha mulher na cama com outro. A vida para mim perdeu todo o sentido. Vou me trancar num quarto e ficar ouvindo os discos do Gaúcho da Fronteira no maior volume, dia e noite, até morrer ou ficar louco...
- Ô tio, quem ama perdoa. Procura sua mulher, tenha uma conversa civilizada com ela. Um deslize na vida todo mundo tem.
- Não foi um. Ela e o sujeito, que é conhecido lá no bairro como “Ivan Pé de Mesa”, têm um caso há oito anos. Eu é que só fui descobrir agora...
- Então, ao invés de morrer ou ficar louco, o negócio é pedir o divórcio, conhecer outra pessoa e começar vida nova. No próximo relacionamento, aproveita esse par de chifres e vê se fica mais antenado...