Piadas, poemas e porradas sobre o mundo das coisas e as coisas do mundo. Uma visão desconcertante de tudo o que se imaginava consertado. A prova acabada de que a vida é uma batalha inútil... miltonritzmann@bol.com.br
sexta-feira, 2 de março de 2012
Eu e as moscas
Não sei como foi que aconteceu, nem quando. Sei que um belo dia, enquanto eu lia um livro de crônicas do Drummond, acabei engolindo uma mosca sem querer. Depois disso, vi que é bobagem brigar com as moscas e mosquitos em determinados ambientes. Basta devorá-los. Simples assim. Com base nisso, desenvolvi técnicas surpreendentes para atrair as moscas e, num lapso de segundo, saboreá-las quase que nem um camaleão. Quando se come doce, por exemplo, você pode deixar, de propósito, um resto no canto da boca - ou entre os pelos da barba. Mosca adora isso. Fica orbitando e esperando a melhor oportunidade para beliscar.
Há dias, na antesala de um consultório médico, eu dissimulava folheando uma revista, quando na verdade a minha diversão era atrair duas ou três moscas que erravam pelo ambiente. A primeira veio como uma bala perdida, um kamikaze miniaturizado, ao perceber minha boca aberta e, no pré-molar careado, um resto de doce de leite que eu deixara ali propositadamente pela manhã. A segunda demorou um pouco, mas veio pouco depois - provavelmente interessada em saber o que havia provocado a corrida tão alucinada na primeira. Por último, a maior de todas. Esverdeada, varejeira, suprema delícia entre os devoradores de mosca! Tive que empurrá-la para dentro com a mão, o que provocou um esgar de náusea entre os circunstantes na antesala.
Um dia a humanidade terá que buscar fontes alternativas de alimentação. E verá nesse meu modo de ser o altruísmo e a dedicação de um pioneiro desta que pode ser a nova fronteira da existência humana.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Golpes baixos terão resposta à altura.