Vou ter que fazer reciclagem no Detran.
Numa época em que o termo reciclagem é empregado especialmente em relação ao lixo, é de se imaginar que fui uma bosta ao volante, atropelando pedestres, batendo em outros carros etc. Não é nada disso. Emprestei meu carro a uma pessoa que em poucos dias levou três multas, duas gravíssimas, de sete pontos, outra média, de quatro pontos. São 18 pontos que, somados a outros quatro de uma multa que levei num radar, levou a conta acima dos 20 permitidos.
Ao tentar renovar a carteira, em dezembro, a moça me disse que isso não seria possível. Abriu meu histórico no computador, relatou cada uma das infrações e, em seguida, disse que minha carteira devia ser recolhida. Perdi o prazo para indicar que o condutor, em parte das multas, era outra pessoa. Quis cortar os pulsos, tomar Baygon, ouvir discos do Julio Iglesias a todo volume até ser acometido de loucura furiosa. Agora, mais calmo, vejo que sou marginal também no trânsito. Se meus antepassados fossem vivos, morreriam de vergonha.
Fui hoje marcar a reciclagem, que vai acontecer em fevereiro. Serão três dias de chateação: uma sexta, das 18 às 23 horas, mais um sábado e um domingo, inteiros. O cara do Detran, que me atendeu hoje, demorou quase 40 minutos. Ao meu lado, algumas pessoas olhavam com indignação, ao ouvir a palavra “reciclagem”. Devem me achar um delinqüente.
Antes do final do processo, é possível que eu mate algum funcionário do Detran, o instrutor e o amigo que tomou o carro emprestado. Não necessariamente nesta ordem.
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Golpes baixos terão resposta à altura.