SE OS BANQUEIROS pudessem, mandavam embora todos os funcionários e substituiriam por máquinas que a gente entupiria de dinheiro para eles. Porque máquina não precisa de hora extra, nem 13º salário. Máquinas não param para o almoço, nem sofrem de depressão. A julgar pelo que a gente vê nos bancos, esse processo já está em andamento.
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HOJE, POR EXEMPLO, apenas dois caixas atendiam na hora do almoço, na agência do Itaú aqui perto. Há cinco guichês disponíveis, mas apenas duas moças dividiam toda a tarefa. Detalhe: uma delas fica praticamente o tempo todo ocupada no “Atendimento prioritário”, ou seja, dando atenção para idosos, deficientes físicos e gestantes. A outra cuida do resto. E como a gente se sente “resto”, hoje em dia, ao entrar numa agência bancária.
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NO PRIMEIRO semestre de 2007, o lucro líquido do Itaú somou R$ 4,016 bilhões, acima dos R$ 2,958 bilhões dos primeiros seis meses de 2006 e acima dos R$ 4,007 bilhões divulgados pelo Bradesco. Cito 2007 porque em 2008 já se falava em crise, mas o lucro dos bancos continuou bem, obrigado. De acordo com estudo da consultoria Economática, o resultado pelo Itaú naquele período passou a ser o maior obtido por um banco privado brasileiro nos últimos 20 anos. Coitadinho do Banco Real: na mesma época apresentou lucrou líquido de apenas R$ 2,2 bilhões de janeiro a setembro desse ano e, mesmo crescendo 77% em relação ao mesmo período do ano anterior, acabou engolido pelo Santander, que passava a ser o terceiro maior banco do Brasil.
Apesar disso, ninguém quer investir mais nessa coisa antiquada e obsoleta chamada ser humano.
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É VERDADE: nos últimos anos, ao cabo de muito esforço, as coisas melhoraram nas agências: muitas adotaram o sistema de senha, as pessoas ficam acomodadas em cadeiras, há até quem ofereça um chazinho com bolachas. Mas, se quiserem ser mesmo honestos com seus clientes, os bancos, em sua maioria, deveriam pôr em suas propagandas as filas, a irritação de quem perde o horário de almoço tentando pagar um título vencido e até os pobres coitados que imaginam ter “Atendimento prioritário”, mas que, pela precariedade de recursos humanos, também acabam na fila dos idosos, das gestantes e dos deficientes físicos.
Exatamente como o resto.
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Golpes baixos terão resposta à altura.