segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Por que a imprensa se cala sobre o mensalão?






Com o nome "site mostra 'saga' de paranaenses no mensalão", recebemos e reproduzimos o texto abaixo. É uma oportuna reflexão sobre o maior escândalo da era Lula que, curiosamente, até hoje não puniu ninguém. Cadê o jornalismo investigativo? Cadê a imprensa desse país?

- Quase oito anos depois de “meterem a mão no jarro”, através do megaescândalo que se tornou conhecido como “mensalão”, seus protagonistas continuam impunes. Pior: reconquistaram cargos através do voto na urna ou estão voltando ao governo, apostando na impunidade ou na proverbial falta de memória do povo brasileiro. É o que ocorre, por exemplo, com José Borba, à época líder do PMDB na Câmara Federal e hoje prefeito de Jandaia do Sul, e com José Genoíno, agora convidado por Nelson Jobim para integrar sua equipe no Ministério da Defesa.
- Embora o mensalão tenha derrubado ministro (José Dirceu) e levado à renúncia de deputados (entre eles o próprio Borba, a fim de escapar da cassação), o caso se arrasta indefinidamente na Justiça e, estranhamente, passou ao largo da campanha presidencial. Agora, o site www.oarquivo.com.br expõe, em nove capítulos, quando se clica no menu “mar de lama”, todos os detalhes da sórdida história que se constitui num dos maiores escândalos da história da República.
- O capítulo 3 é de especial interesse dos paranaenses. Ali é narrado, com riqueza de detalhes, como, no ano de 2003, o deputado federal José Rodrigues Borba entrou em acordo com o núcleo político-partidário do PT formado por José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno e Sílvio Pereira. “Ao contrário dos outros partidos com os quais os dirigentes do PT negociavam, como PP, PL e PTB, uma parcela importante de lideranças do PMDB permaneceu refratária aos acordos que ora eram selados e incluíam remessa de dinheiro e cargos no governo. Parte do PMDB contudo aliou-se ao núcleo petista e um dos expoentes desse acerto foi o líder do PMDB na Câmara dos Deputados José Rodrigues Borba”, explica o texto.
- Como conseqüência da sua insólita situação, o PMDB informalmente dividiu-se: uma parte (a maioria) “influenciada pelo óbulo espúrio” cerrou fileiras com o governo enquanto a outra preferiu um comportamento mais independente. Esta disposição ficou mais evidente principalmente depois que o escândalo do mensalão estourou.
- Como líder do PMDB na bancada da Câmara, José Borba era capaz de inspirar contigentes de deputados de seu partido para que votassem a favor do Governo. Para auxiliar-lhe, Borba tinha a promessa de cargos na administração federal e gratificações financeiras colocadas à sua disposição pelo núcleo político-partidário governista.
- José Borba teve participação na aprovação da reforma da previdência (PEC 40/2003 na sessão do dia 27 de agosto de 2003 e da reforma tributária (PEC 41/2003 na sessão do dia 24 de setembro de 2003.
- Provas materiais dão conta de que José Borba recebeu pelo menos a quantia de 2,1 milhões de reais do esquema ilegal do núcleo de Marcos Valério, que trabalhava para José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno e Sílvio Pereira. De acordo com Valério, Borba recebeu o numerário mediante pagamentos efetuados nas seguintes datas: 16/09/2003 - 250 mil; 25/09/2003 - 250 mil; 20/11/2003 - 200 mil; 27/11/2003 - 200 mil; 04/12/2003 - 200 mil; e 05/07/2004 - R$ 1 milhão de reais.
- Consciente de que os recursos que recebia eram ilegais, José Borba agiu de forma manifesta a ocultar o seu recebimento, como deixou claro um dos depoimentos de Simone Vasconcelos, Diretora-Administrativa da empresa SMPB e operadora externa do núcleo da organização delinqüente liderada por Marcos Valério.
- Segundo Simone Vasconcelos, houve uma circunstância em que José Borba dirigiu-se até a agência do Banco Rural em Brasília para encontrar-se com o tesoureiro do banco José Francisco de Almeida, encarregado de fazer a entrega do dinheiro oriundo do esquema de lavagem. José Borba recusou-se a assinar qualquer documento que pudesse ser indicativo de que ele recebera a quantia. A contenda foi resolvida com a chegada à agência de Simone Vasconcelos que retirou o dinheiro em seu nome e fez a entrega dele a Borba.
- O mesmo capítulo também mostra a performance de outros paranaenses em todo o episódio, entre eles José Carlos Martinez, então comandante do PTB, e o advogado Roberto Bertholdo.
- Há dois meses, falar sobre isso era ter uma atitude golpista ou eleitoreira. Passadas as eleições, porém, trata-se no mínimo de uma boa sugestão de pauta para os editores de política. A quantas anda o processo do mensalão? Qual é a situação de cada um dos principais envolvidos? Quais as perguntas que ainda foram respondidas? Por que houve uma espécie de pacto para que o assunto permanecesse distante do embate eleitoral do ano passado? De onde vem o poder de homens como José Borba, que mesmo sem ser deputado arranca volumosos recursos federais para Jandaia do Sul e até para outras cidades de sua base, no Vale do Ivaí? E o poder de José Dirceu, cujos tentáculos ainda se estendem por vários setores do governo? E de Genoíno, que teve de renunciar ao seu cargo no PT depois do episódio do dólar na cueca, mas agora pode se transformar num dos principais membros do Ministério da Defesa? A quem interessa que o episódio conhecido como mensalão caia no esquecimento e que os envolvidos sejam beneficiados com a mais escandalosa das impunidades?

Um comentário:

  1. Eu também me envergonho quando penso que tudo isso aconteceu no meu país e ninguém foi punido. Parabéns pela postagem!

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Golpes baixos terão resposta à altura.