segunda-feira, 4 de abril de 2011

A maldição do data show




Estive nos últimos dias no Mato Grosso, onde participei de alguns eventos voltados ao meio ambiente. Entre outras coisas, vi uma palestra do Amyr Klink. Decepção. Esperava que ele falasse sobre a arte da superação, sobre o que é a mais negra, profunda e absoluta solidão e coisas do tipo. No entanto, ele passou o tempo todo falando sobre a construção de barcos e os transtornos familiares causados por suas viagens. Deve ter quem goste. Paguei com uma ruidosa salva de... bocejos!
Mas o que eu queria falar mesmo é sobre o quanto a tecnologia está influenciando - negativamente - na qualidade das palestras. Ninguém mais consegue falar sem o auxílio do data show. A impressão que dá é que ninguém mais consegue dominar razoavelmente determinado conteúdo sem o auxílio dessas engenhocas. Muita gente, que se apresente com o grau de mestre e doutor, age durante suas palestras como meros leitores de textos projetados no telão. E ainda há os que são maus leitores e - pior - maus interpretadores do que está escrito.
Não sei quanto a vocês, mas de minha parte me confesso farto de gente que resume suas palestras a uma leitura coletiva de transparências e apresentações em power-point. Até parece que nunca se transmitiu conhecimento de outra forma. Fico imaginando Moisés descendo a montanha, reunindo todo mundo e dizendo: "Vou fazer um resumo do que rolou lá em cima, mas primeiro me arrumem um data show"...

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Golpes baixos terão resposta à altura.