Quem nos mandou disse que essa história é verídica.
Aconteceu numa cidadezinha lá nos confins da Paraíba. O dono do circo, em passagem pela cidade, sabendo quão religiosa era sua comunidade, resolveu encenar a Paixão de Cristo na Sexta-Feira Santa. O elenco foi escolhido dentre os moradores locais e, no papel pincipal - de Jesus Cristo - colocaram o cara mais "gato" da cidade. Os ensaios iam de vento em popa quando, às vésperas do evento, o dono do circo soube que "Jesus" estava de caso com sua mulher.
Furioso, o corno se deu conta de que não podia fazer escândalo, pois iria por a perder todo o trabalho e o investimento que fizera pra montar a peça. Pensou, pensou... Na véspera do espetáculo, comunicou ao elenco que iria participar fazendo o papel do centurião!
- Mas como? - reclamaram todos - Você não ensaiou!
- Não é preciso ensaiar, porque centurião não fala!
Mesmo sem gostar, o elenco teve que aceitar. Afinal, o cara era o dono do show. Chegou o grande dia. A cidade compareceu em peso. No momento mais solene, a platéia chorosa, em profundo silêncio... Jesus carregando a cruz e o "centurião" começa a dar-lhe chicotadas. De verdade.
-Pô, cara, tá machucando! - reclamou "Jesus", em voz baixa.
- É pra dar mais veracidade à cena, devolveu o "centurião" . E tome mais chicotada... lept, lept, o chicote comendo solto no lombo do infeliz. Até que "Jesus", que já reclamara bastante, enfureceu-se de vez, largou a cruz no chão, puxou uma peixeria e partiu pra cima do "centurião": - "Vem, desgraçado! Vem cá que eu vou te ensinar a não bater num indefeso"!
O "centurião" correndo na frente e"Jesus" com a peixeira correndo atrás. E a platéia, em delírio, gritando:
- É isso aí! Fura ele, Jesus! Fura que aqui é a Paraíba, não é Jerusalém não!
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Golpes baixos terão resposta à altura.