Quem tem carro, tem outra família. É o que dizem os entendidos. Porque o carro tem fome todo dia – de combustível e de lubrificantes. O carro tem certidão de nascimento, que é o licenciamento. O carro precisa tomar banho com freqüência, trocar de sapato regularmente e fazer visitas periódicas ao médico. Muitos carros sofrem de derrame – no caso, vazamento de óleo. Podem também sofrer de várias outras doenças, como câncer de pele (ferrugem). A pior de todas, ninguém contesta, é a parada cardíaca, que no caso dos carros equivale ao motor fundido.
A clínica ou hospital é a oficina. Carro de pobre fica do lado de fora, na poeira, tomando sol, chuva e vento. É o atendimento pelo SUS. Carro de rico fica lá dentro, sem passar por qualquer constrangimento. Quando termina o serviço, toma banho, é polido e sai brilhando. É o atendimento particular. Muitos carros de pobre, quando sofrem acidente feio, vão direto para o cemitério – ou ferro velho. Carro de bacana tem seguro, que é uma espécie de plano de saúde. Muitas vezes o seguro manda buscar peças originais em São Paulo, no Japão ou na Alemanha. Quando o estrago é muito grande, o carro do bacana recebe uma reforma meia boca e geralmente e vendido para um pobre, que dá o seu como parte do pagamento na loja e parcela o restante em 36 meses.
Coisa difícil é encontrar um bom mecânico para o carro. A recomendação geral é que se procure, sempre que possível, uma oficina autorizada. O problema é que nesses lugares os profissionais geralmente cobram por hora. Resultado: é comum o paciente demorar mais tempo do que o necessário para receber alta. E a conta do hospital fica tão salgada que o carro sai curado, mas o dono sai doente.
Por isso, muitos preferem procurar uma oficina comum. Aí é preciso evitar o outro extremo: o serviço muitas vezes é feito às pressas porque o mecânico é como esses médicos que atendem em postinho de saúde de prefeitura: dão uma olhada para a cara do paciente e receitam um remédio qualquer – geralmente dipirona ou outro remédio disponível na farmácia básica. No caso do carro, o mecânico freqüentemente recomenda uma peça recondicionada ou faz gambiarra com quinquilharia encontrada em ferro velho.
Um amigo nos conta a história do sujeito que foi a uma dessas oficinas porque um barulho estranho havia surgido na frente de seu carro. O mecânico levantou a tampa da frente, pediu que desse a partida, começou a mexer entre os fios e descobriu que alguma coisa estava solta. Então, começou a puxar e a gritar para o motorista:
- Acho que vai ter que trocar...
Puxando com mais força:
- Acho que vai ter que trocar...
Puxando com toda a força, ele olhou então para dentro do carro e viu o motorista com a perna erguida e o pé em cima do painel. Então arrematou:
- Acho que vai ter que trocar o seu cadarço!
Por isso, muitos preferem procurar uma oficina comum. Aí é preciso evitar o outro extremo: o serviço muitas vezes é feito às pressas porque o mecânico é como esses médicos que atendem em postinho de saúde de prefeitura: dão uma olhada para a cara do paciente e receitam um remédio qualquer – geralmente dipirona ou outro remédio disponível na farmácia básica. No caso do carro, o mecânico freqüentemente recomenda uma peça recondicionada ou faz gambiarra com quinquilharia encontrada em ferro velho.
Um amigo nos conta a história do sujeito que foi a uma dessas oficinas porque um barulho estranho havia surgido na frente de seu carro. O mecânico levantou a tampa da frente, pediu que desse a partida, começou a mexer entre os fios e descobriu que alguma coisa estava solta. Então, começou a puxar e a gritar para o motorista:
- Acho que vai ter que trocar...
Puxando com mais força:
- Acho que vai ter que trocar...
Puxando com toda a força, ele olhou então para dentro do carro e viu o motorista com a perna erguida e o pé em cima do painel. Então arrematou:
- Acho que vai ter que trocar o seu cadarço!
Quero sua autorização para reproduzir esse texto em uma publicação de automóveis.
ResponderExcluirPode usar, desde que devidamente citados autor e fonte. Falei?
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