domingo, 18 de outubro de 2009

Rios ou lixões a céu aberto?


ESTE JACU que vos fala já esteve em Paris. Foi nos idos de 2001, integrando uma missão. “Missão de canibais?”, perguntará a mocinha ali da primeira fila. Não, fofa, uma missão de lideranças ligadas ao agronegócio. Fui como jornalista para voltar e contar o que foi visto. Ir a Paris e não dar uma volta de barco pelo Rio Sena é mais ou menos como ir a Cubatão e... deixa para lá. Por que estamos nos lembrando desta viagem? Pela lembrança de que os europeus estão conseguindo recuperar os seus rios, enquanto aqui os únicos rios que interessam ao governo são os de dinheiro.

É POSSÍVEL descer de barco pelo Sena, que corta Paris, num passeio romântico e de rara beleza. São os famosos Bateaux Mouches, barcos moscas. Quando passei por essa experiência, foi inevitável lembrar do Tietê, que atravessa São Paulo. Mosca mesmo é ali! É um rio de bosta, símbolo da nossa incompetência em cuidar das questões ambientais. Milhares de ligações de esgotos clandestinos, inúmeros despejos industriais – o Tietê é uma espécie de lixão líquido correndo a céu aberto. Se alguém cair em suas “águas”, sairá do outro lado como uma espécie de vitrine viva de todas as doenças infecto-contagiosas do hemisfério.

RECENTEMENTE VEIO a público a notícia de que o plano de recuperação e despoluição da bacia do Rio Barigüi, lançado pela prefeitura de Curitiba, traça as primeiras medidas a serem tomadas para a preservação e limpeza do leito principal e os 400 afluentes. Levantamento da prefeitura constata que existem moradias irregulares dentro da área de preservação, ligações clandestinas da rede de esgoto, assoreamento, além de apontar as áreas intactas que precisam ser preservadas. O projeto, batizado de Viva Barigüi, custará R$ 83 milhões.

Se vai dar certo ou não, é outra história. O que se sabe, com certeza, é que é mais dinheiro por água abaixo.

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Golpes baixos terão resposta à altura.