quinta-feira, 31 de março de 2011

Larissa Riquelme naked - Larissa Richelme desnuda



O Google Analytics me mostra que a postagem mais acessada neste blog foi a da Larissa Riquelme nua, no dia 4 de julho de 2010. Veja o leitor que interessante: tem um monte de marmanjo (e, desconfio, de marmanjas) que se diverte procurando foto das beldades em pelo. Gente que não está nem aí para o que se escreve. São devoradores de imagens, "iconívoros".
Veja neste post outra foto de La Riquelme. É motivo para tanto?

O cachorro canibal




José J. Veiga

Percebia-se que era um cachorro por causa do rabo metido rente entre as pernas, quase colado na barriga, e também um pouco por causa dos olhos, de uma tristeza tão funda que só podiam ser olhos de cachorro escorraçado. As patas não se firmavam no chão como as de qualquer cachorro razoavelmente seguro de si; pisavam a medo, apalpando experimentando. (Depois se soube que ele tinha perdido os cascos pelos caminhos, ficando as plantas em carne viva.) De onde estaria vindo, ninguém se interessou em saber; ele apenas parou ali, lamentável e infeliz, muito cansado para continuar andando. Apareceu de manhã, e quem o viu deitado numa nesga de grama debaixo do jasmineiro pensou em um cão errante, igual a tantos que cruzam o mundo em todas as direções, parando e farejando mas sempre em marcha, como se incumbidos de alguma missão urgente, cujo endereço e propósito só eles sabem; nem valia a pena providenciar comida, provavelmente ele não estaria mais lá quando a comida chegasse.
Mas aquele parecia não ter pressa ou intenção de seguir, e lá ficou deitado de lado, não propriamente descansando porque as moscas não deixavam, mas fazendo o possível por conseguir algum sossego.
Via-se que estava faminto, mas o cansaço impressionava mais, talvez devido a seu litígio incessante contra as moscas. Às vezes ele parecia pensar que pudesse acomodar a cabeça entre as patas e deixar ao resto do corpo o trabalho de repelir os inimigos. O rabo não parava de açoitar o ar, e todo o pêlo tremia repuxado pelas contrações dos músculos; mas essa estratégia era logo descoberta e as moscas concentravam o ataque na cabeça e nas orelhas. Eram tantas e tão insistentes que ele não podia ignorá-las por muito tempo: bocava o ar indignado e às vezes até se levantava de um pulo para poder persegui-las melhor - mas a dor causada pelos talos de grama nas plantas desprotegidas advertia-o de que ele não estava em condições de ser muito enérgico.
Uma criança da casa viu-o ainda no mesmo lugar lá pelo meio da tarde e levou-lhe uns restos de comida. Ele estudou o menino com olhos desconfiados e concluiu que não havia perigo daquele lado. Comeu, lambeu o prato, balançou o rabo para mostrar que apreciara a gentileza. Deve ter passado a noite no mesmo lugar, mas ninguém ouviu latidos nem uivos. De manhãzinha chamaram-no para dentro e o menino deu-lhe um banho na torneira do pátio. Ele não resistiu nem criou dificuldades, era o primeiro a reconhecer a necessidade de limpeza, sabia que um cachorro limpo leva vantagem por onde anda.
Com o banho ele começou a levantar o rabo, primeiro por ter recuperado um pouco da dignidade, segundo por suspeitar que dentro de pouco haveria mais comida. Quando um cachorro errante é levado para dentro de uma casa e recebe o luxo de um banho, a seqüência lógica é um prato de comida.
Mas aí começa também a fase difícil das relações entre cão e gente. Como esperava, ele recebeu o seu almoço; e não tendo sido enxotado, interpretou a situação como significando que seria tolerado. Mas pode um cão contentar-se com a simples tolerância? Quando se sente apenas tolerado, um cão de respeito tem dois caminhos a seguir: ou exige atenção, ou vai embora para outro lugar onde possa se impor. A retirada é sempre humilhante, ele sabe que no momento em que vira as costas começou o esquecimento - isso se não acontece o pior- nem percebem que ele se foi; muito tempo depois é que alguém indaga distraidamente, "é verdade, que fim levou aquele cachorro que andava por aí?" Farejando o ambiente ele percebeu que podia escolher o primeiro caminho com grande probabilidade de êxito.
Para começar, era preciso não exagerar na gratidão. Se um cachorro mostra muita gratidão as pessoas podem pensar que ele não está habituado com bom trato e acabam relaxando nas atenções; nesse caso não há mais esperança para ele naquela casa. A melhor maneira de impor-lhes respeito é fazê-las pensar. Quando alguém pensa, "o que é que esse miserável julga que é? O Rei do Mundo?", o cachorro pode ficar descansado que o seu lugar está garantido. Em vez de se atirar aos pés da primeira pessoa que lhe estala os dedos, o cachorro ajuizado deve mostrar uma certa frieza. Só depois que a pessoa insistir é que ele deve atender, assim mesmo sem pressa. Se não houver insistência o cachorro nada terá a perder; pelo contrário, convém sempre desconfiar das que não insistem.
Aplicando todas as suas habilidades na fase difícil dos primeiros contatos ele conseguiu fazer-se notado e respeitado. Em pouco tempo já estava dormindo onde bem quisesse, sem receio de que o pisassem ou enxotassem. Esta é a grande prova de prestígio canino: não ser tocado do lugar que escolheu para deitar-se.
E gostaram tanto dele na casa que estragaram tudo com a solicitude de amaciar-lhe a vida. Vendo-o brincar sozinho no jardim alguém lembrou-se de arranjar-lhe um companheiro menor. Pensaram que assim ele ficaria mais feliz, e de fato ficou por algum tempo. Passava horas rolando com o menorzinho na grama, ensinando-o a viver e a ser respeitado, e quem os via embolados no chão pensava: "Que graça! Até parecem irmãos!" E como aprendia depressa aquele ladrãozinho malhado!". Em pouco tempo já estava passeando de colo, aliás uma lição que o maior não ensinou. Aproveitando-se da inocência do cãozinho as pessoas da casa conquistaram-no completamente, numa inversão ridícula de papéis. Dava engulhos ver a sofreguidão dele atendendo os chamados mais absurdos, a humildade na aceitação de censuras e castigos. Aquele estado de coisas não podia acabar bem. Mais dia menos dia ...
A situação agravou-se quando começaram a tomar liberdades com o cão maior, decerto inspirados pela intimidade excessiva que mantinham com o outro. Já não o deixavam dormir onde quisesse, e não escondiam o desgosto de vê-lo dentro de casa. Ele ia suportando tudo com paciência, esperando que a loucura passasse.
Mas não paciência que resista a abusos.
Ele estava dormindo de patas pra cima no canto de uma varanda ladrilhada, que nem era no meio ou na passagem, mas no canto, ninguém podia dizer que estivesse obstruindo. Mesmo assim alguém achou de encher a bocade água e vir de mansinho eguichá-la nele. Ora, isso assusta e aborrece. Num rápido movimento rolado ele ergueu-se e ficou parado sem compreender, mas a água escorrendo pelas pernas e a pessoa enxugando a boca e olhando com olhos maldosos diziam tudo. foi uma traição mesquinha, mas mesmo assim ele achou melhor não perder a compostura, não latiu nem fêz escândalo. Retirou-se com relativa dignidade para a sombra do jasmineiro.
A idéia veio de repente, já como decisão. O ladrãozinho malhado tinha acabado de tomar banho e espojava-se ao sol a poucos metros de distância. O outro levantou-se da sombra, esticou as patas dianteiras ao comprido do corpo, como se fosse deitar-se noutra posição, mas era apenas para se espreguiçar; abriu a boca num bocejo enorme e caminhou para o pequenino. Quando esse, que estava deitado de costas dando coices para o ar, sentiu aquela pata pesada no peito, julgou tratar-se de alguma bincadeira e ainda rosnou de brinquedo. A primeira dentadas feriu-o na carne mole do ventre. Achando que a brincadeira muito bruta ele decidiu retirar-se, rosnando e mordendo o outro no pescoço, mas o queixinho novo não tinha força para fazer mal, e o outro prosseguiu com seu projeto, começando pelas partes tenras, com certeza já de cálculo para não sair perdendo caso se fartasse antes ou tivesse que fugir por motivo de força maior. Mas ninguém veio acudir, aqueles dois viviam brigando e fazendo as pazes. Quando ele começou a enjoar só restavam os ossos mais duros e uma mancha de sangue na grama. Os ossos ele caregou para longe, escondeu, enterrou; o sangue ficou como enigma para as pessoas da casa.
Se ele pensava que ia ser feliz dai por diante, deve ter omitido em seus cáculos algum elemento mito importante; porque desde esse dia ele mudou completamente, a ponto de parecer outro cachorro. É claro que as pessoas da casa interpretavam a mudança como consequência da perda do companheiro (O que não deixava de ser) e combinaram ter paciência com ele.
Dava pena vê-lo de cabeça baixa, num ir e vir incessante, sem encontrar sossego em parte alguma. Mesmo quando parecia descansar, deitado de lado em um tapete, o bojo das costelas arfando compassado, o brilho do pêlo ondulado com a respiração, podia-se ver que o repouso era aparente. Olhando bem, via-se que os músculos nunca estavam em completo descanso, havia neles uma constante trepidação, um zumbir de alta voltagem. Bastava um ruído distante, um leve toque, mesmo de uma penugem pousando, para ele saltar nas quatro patas, as orelhar armadas, os olhos furando o tempo - o que acontecia também sem nenhma razão aparente.
Por uma misteriosa repulsão as pessoas passaram evitá-lo, não lhe afagavam mais a cabeça, não lhe alisavam o pêlo, nunguém lhe amarrotavam as orelhas para ouvi-lo ganir, o que é também uma forma de mostrar a um cão que se gosta dele. Agora era só respeito, um respeito apreensivo. Às vezes ele se instalava numa passagem, parece que desejando que o maltratassem, que o enxotassem, que o humilhassem; mas o que se via era as pessoas tomarem trabalho para não incomodá-lo, se afastarem para lhe dar passagem. Não sabendo chorar ele procurava gastar a angústia caminhado sem parar, talvez na esperança de se cansar e cair de vez. E quanto mais se movimentava, mais dava a impressão de estar contido entre barras de uma jaula.

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Fonte: VEIGA, José J. Os melhores contos de José J. Veiga. São Paulo: Global, 1989.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A ratarada faz a festa...


A Justiça em Brasília já admite que não haverá como condenar vários dos envolvidos no megaescândalo do mensalão. Diz que não há "provas contundentes e cabais". Sei, sei. Foi por isso que, no auge da crise, teve deputado renunciando ao mandato e ministro pedindo o chapéu e indo embora. Por falta de provas contundentes e cabais.
No Brasil, a Justiça não é cega. É estrábica. Suas pauladas pegam sempre do lado mais fraco.
Na foto, flagrante de um grupo de envolvidos no caso mensalão, em ruidosa algazarra, tão logo informados sobre as alvissareiras notícias que chegam das mais altas cortes judiciais do país...

Sorri-se


Quando disse na saída,
deixo meu sorriso
disse bem,
até sorrir pra você
não vou sorrir pra mais ninguém
também disse,
o que se deixa é o que permanece
não esqueça essa sou eu,
que agora desapareceu
E se mais não disse, é que sorria
um sorriso que ficasse,
para depois de ter ido
como se nunca partisse,
como se tudo existisse
ah! se eu soubesse,
ah! se você me visse


Alice Ruiz

Da série "Anúncios memoráveis"

terça-feira, 15 de março de 2011

Saudades de Don Corleone!



Foi exatamente neste dia, em 1972, que estreou O Poderoso Chefão (The Godfather), de Francis Ford Coppola. Eu tinha nove anos e só vim a ver o cartaz do filme, em frente a um cinema do interior, dois ou três anos depois. Baseado em um romance de Mario Puzo, de mesmo nome e com adaptação para o cinema do próprio Puzzo e de Coppola, seria considerado um dos melhores filmes de todos os tempos.
Vim a assistir o filme muito tempo depois, já na era do videocassete. Acho irretocável. Amo todas as cenas, mas a seqüência que mais me impressiona é quando Al Pacino mata o policial corrupto num restaurante, depois de encontrar o revólver no banheiro, no local previamente combinado. Marlon Brando soa meio caricato, mas há muitos italianos que são assim mesmo - perfil bonachão, mas frios e violentos.
Vi o primeiro filme umas 30 vezes. Decorei os diálogos, os cortes, as seqüências. Fui apaixonado por Diane Keaton durante anos, na minha juventude. Ensaiei por várias vezes comê-la inteira e palitar os dentes com os próprios ossos. Gosto menos do segundo filme. O terceiro é um lixo, é deprimente que tenha a assinatura do Coppola.

quinta-feira, 10 de março de 2011

As aventuras do Djalmão






Colaboração enviada por leitor do blog:
Conforme a gente vai conhecendo os problemas dos outros, percebemos que o nosso nem é assim um grande problemãoooo...

sexta-feira, 4 de março de 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Terapia de grupo



Quatro pacientes estão reunidos na sala, com o seu terapeuta. O terapeuta pede que se apresentem, que digam qual é sua atividade,e comentem, porque a exercem. O primeiro diz:
- Me chamo Francisco, sou médico porque me agrada tratar da saúde e cuidar das pessoas.
O segundo se apresenta:
- Me chamo Ângelo. Sou arquiteto porque me preocupa a qualidade de vida das pessoas e como vivem.
A terceira fala:
- Meu nome é Maria e sou lésbica. Sou lésbica porque adoro peitos e bundas femininas e fico louca só de pensar em fazer sexo com mulheres.
O quarto, um mineirinho, diz:
- Sô o Tunico e inté gorinha memo achava qui era pedrêro, mais cabei de discubri qui sô é lésbico...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Fora Kadafi!




- Gaddafi out!
- Gaddafi uit!
- Gaddafi jashtë!
- Gaddafi raus!
- القذافي خارجا!
- Gaddafi դուրս!
- Ko Gaddafi!
- Кадафі з!
- Кадафи се!
- Izvan Gadafi!
- Udenfor Gaddafi
- Zunaj Gaddafi
- קדאפי החוצה!
- Gaddafi amach!
- Gaddafi út!
- Gheddafi fuori!
- Kadafi się!
- Каддафи из!
- Kaddáfí se!
- Dışarı Kaddafi!
- גאַדדאַפי אויס!

Estão Todas as Verdades à Espera em Todas as Coisas




Estão todas as verdades
à espera em todas as coisas:
não apressam o próprio nascimento
nem a ele se opõem,
não carecem do fórceps do obstetra,
e para mim a menos significante
é grande como todas.
(Que pode haver de maior ou menor
que um toque?)

Sermões e lógicas jamais convencem
o peso da noite cala bem mais
fundo em minha alma.

(Só o que se prova
a qualquer homem ou mulher,
é que é;
só o que ninguém pode negar,
é que é.)

Um minuto e uma gota de mim
tranquilizam o meu cérebro:
eu acredito que torrões de barro
podem vir a ser lâmpadas e amantes,
que um manual de manuais é a carne
de um homem ou mulher,
e que num ápice ou numa flor
está o sentimento de um pelo outro,
e hão-de ramificar-se ao infinito
a começar daí
até que essa lição venha a ser de todos,
e um e todos nos possam deleitar
e nós a eles.

Walt Whitman, in "Leaves of Grass"

Lição relâmpago de marketi

terça-feira, 1 de março de 2011

Paraguai, a sucursal do inferno



Estive no final de semana no Paraguai. De novo, pois já tinha estado outras vezes. Na verdade, fui participar de um evento em Foz do Iguaçu, durante a semana toda, e na sexta aproveitei para comprar uma dessas filmadoras portáteis, que gravam as imagens em HD.
Nenhuma impressão nova sobre o Paraguai. O fato pitoresco foi que um cara correu atrás de mim, na Ponte da Amizade (sic), e tentou me dar um choque no pescoço para roubar a câmera. Eu atravessava a ponte a pé, em meio a uma verdadeira procissão de muambeiros, pois havia deixado o carro do lado de cá. Imagino que quem deu a dica para o bandido - ou, quem sabe, até encomendou o "serviço" - foi o próprio funcionário da loja onde comprei o equipamento por US$ 350.
O fato é que ou a máquina de choque não funcionou direito ou o choque pegou meio sem jeito. Senti apenas um formigamento, virei para trás gritando com o feladaputa, que correu até o meio da pista, onde um comparsa já aguardava em cima de uma moto. O sujeito pulou na garupa e os dois sumiram entre os carros. Meus amigos e mesmo outras pessoas ficaram gritando palavrões, injuriados com a ousadia dos bandidos. Felizmente, só um susto.
Ao chegar na alfândega, outro susto: fui barrado na revista. Como a cota é de US$ 300, uma senhora me pediu que voltasse até uma banca e preenchesse uma guia. Eu o fiz, irritado (meus amigos haviam passado ilesos e riam de mim à distância). Quando voltei com a papeleta, a tia estava do outro lado, acudindo outra situação. Ou seja: falta gente naquela bosta. Fiquei esperando e nada de a mulher desocupar. Resultado: passei com papeleta e tudo, entrei no carro e fui embora, convencido, por exepriência própria, que a coisa mais ridícula do mundo é a fiscalização que o Brasil faz em suas fronteiras.
A experiência toda, confesso, me deixou ligeiramente chocado...

david baldinger - USA