quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A festa do Juvenal

Essa colaboração foi enviada por um leitor. Veja que final divertido e surpreendente:

Juvenal estava desempregado há meses. Com a resistência que só os brasileiros têm, ele foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista. Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha exatamente o perfil desejado, as virtudes ideais e lhe perguntou:
- Qual foi seu último salário?
- Salário mínimo, respondeu Juvenal.
- Pois se o senhor for contratado, ganhará 10 mil dólares por mês!
- Jura?
- Que carro o senhor tem?
- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!
- Pois se trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa! Tudo zero!
- Jura?
- O senhor viaja muito para o exterior?
- O mais longe que fui foi para Belo Horizonte, visitar uns parentes...
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque etc.
- Jura?
- E digo mais: o emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor não receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira.

Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.
Sexta-feira mais feliz não poderia haver. Juvenal reuniu a família e contou as boas novas. Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa com muita música. Sexta de tarde já tinha um barril de chope aberto. Às 9 da noite a festa fervia. A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero.
A vizinha fogosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal.
E a banda tocava!
E o chope gelado rolava!
O povo dançava!
Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro.
Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.
Onze horas e cinqüenta e cinco minutos, vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela...

Era do Correio!
A festa parou!
A banda calou!
A tuba engasgou!
Um bêbado arrotou!
Um cachorro uivou!
Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa?
- Coitado do Juvenal! Era a frase mais ouvida.
- Jogaram água na churrasqueira!
O chope esquentou!
A mulher do Juvenal desmaiou!
A motoca parou!
- Senhor Juvenal Batista Romano Balbino?
- Si... si... sim, so... so... sou eu...
A multidão não resistiu...
- Ooooohhhhhh!!!
- Telegrama para o senhor...
Juvenal não acreditava...
Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos.
Silêncio total.
Respirou fundo e abriu o telegrama.
Uma lágrima rolou, molhando o papel.
Olhou de novo para o povo. A consternação era geral.
Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.
O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava. - E agora? Quem vai pagar essa festa toda?
Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava...
Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal, depois disse eufórico:
- Pode tocar a festa, gente! Foi só minha mãe que morreu...

Um comentário:

Golpes baixos terão resposta à altura.