quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O líquido precioso

ZÉ PARAÍBA conta que morava numa cidadezinha muito atrasada, no interior do seu Estado. E olha que não faz nem tanto tempo assim: foi na década de 80, portanto há cerca de 20 anos. Em algumas regiões do Brasil, apesar do discurso triunfalista do presidente Lula, molusco supremo da Nação, o tempo simplesmente parece não passar. Muitas famílias ainda vivem na idade do bronze.
Segundo Zé Paraíba, a pequena cidade onde vivia era tão atrasada, mas tão atrasada, que numa época toda a população achava que Cola-Cola era tecido. Isso porque a empresa mandou para lá umas faixas com a inscrição: “Coca-Cola é isso aí”.

PIOR MESMO foi a grande seca que atingiu a região na década de 70. A única coisa verde que sobrou foram alguns óculos RayBan trazidos da capital pelos que tinham mais dinheiro e pano de mesa de sinuca. A seca foi tão grande, mas tão grande, que numa certa altura o povo começou a chorar lágrima em pó. Na mesma época, espalhou-se que o goleiro do time local estava com água no joelho. “Foi uma fila enorme de velho em frente à casa dele com caneca, balde e tudo pra pegar água”, diz Zé Paraíba.

ALGUNS DIAS depois, assaltaram um caminhão que apareceu por lá, vindo do Rio Grande do Sul. A peãozada mandou o motorista descer, mostrando que não estava pra brincadeira. O motorista implorou:
- Gente, não me mate! Está aí o caminhão inteirinho pra vocês. Se quiserem, podem ficar também com a carga toda. E digo mais: podem ficar até com o dinheiro das entregas que eu já fiz e que está no porta-luvas.
O chefe dos peões então respondeu:
- Nada disso! Nós só queremos mesmo a água que está no radiador e pronto...

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Golpes baixos terão resposta à altura.